As taxas alfandegárias de 145% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses “exigem um repensar estratégico dos modelos de negócio e das cadeias de abastecimento”, segundo Câmara de Comércio da União Europeia na China.
Em comunicado, a instituição afirmou que as taxas conduzirão a “aumentos substanciais dos custos operacionais” e “a ineficiências”, o que, em última análise, significará “preços mais elevados para os consumidores”.
Muitas das empresas que são membros da Câmara já alteraram ou estão a alterar as suas estratégias comerciais para um modelo “na China para a China”.
“Isto tanto para mitigar os riscos decorrentes das tensões comerciais e para cumprir os requisitos regulamentares e de aquisição da China, que promovem cada vez mais os produtos ‘made in China’, como por razões comerciais”, acrescentou o texto.
A associação empresarial denunciou também a “falta de condições equitativas” na China, especialmente no que respeita aos contratos públicos, o que “continua a limitar as oportunidades para as empresas com investimento estrangeiro” no país asiático.
Segundo a instituição, num contexto em que os Estados Unidos estão “a recuar em muitos dos princípios que sustentaram a sua abordagem comercial global, gerando uma incerteza económica global sem precedentes”, a China tem agora “a oportunidade de estabelecer um ambiente de negócios que proporcione a estabilidade e a fiabilidade de que os investidores necessitam”.
“A Câmara Europeia acredita que um bom começo seria o Governo chinês cumprir os seus compromissos de melhorar o ambiente empresarial e incentivar o investimento estrangeiro. Aguardamos com expectativa a apresentação de recomendações construtivas sobre a melhor forma de as implementar”, referiu o texto.
A instituição recordou que as empresas que produzem na China para exportar para os EUA devem “identificar mercados alternativos”, enquanto outras “podem ter de deslocar a produção para fora da China para continuar a abastecer o mercado norte-americano”.
As contramedidas da China, que até agora incluem tarifas de 34% sobre as importações dos EUA, “terão também um impacto negativo em algumas empresas chinesas com investimento estrangeiro que importam certos componentes dos EUA para a sua produção”.
“Para as empresas que não conseguem obter alternativas, isto poderia também forçá-las a deslocar a sua produção para fora da China. A situação é ainda mais complicada pelo facto de os EUA também terem imposto tarifas a muitos outros países que anteriormente poderiam ter sido um mercado viável para o estabelecimento de instalações de produção alternativas”, lê-se no comunicado.