O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, iniciou a sua primeira visita à China destacando o “importante papel” do investimento chinês na economia portuguesa, com o homólogo chinês, Wang Yi a definir sectores prioritários para as relações empresariais.
Num comunicado citado pela Bloomberg, o MNE chinês detalhou na terça-feira as áreas onde Pequim entende que essa cooperação deve ser estreitada: investimento, transformação verde, economia digital, inovação, informação e comunicações.
“Portugal é um dos países da União Europeia que recebe mais investimento chinês ‘per capita’”, disse o chefe da diplomacia chinesa.
Wang manifestou o seu “apoio à Europa na manutenção da sua autonomia estratégica” e a esperança “de que Portugal desempenhe um papel ativo” no “desenvolvimento saudável das relações entre a China e a Europa”.
Pequim está pronto a “trabalhar com Portugal para construir uma relação China-Portugal mais estável, frutífera e dinâmica”, disse o ministro chinês, citado pela agência estatal Xinhua.
Wang Yi sublinhou ainda a importância de continuar a promover Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa.
Rangel convidou “mais empresas chinesas a investir e prosperar em Portugal” e indicou que Lisboa “está disposta a reforçar a cooperação com a China nos domínios da economia e do comércio, da energia, da saúde, das finanças, das infraestruturas e da transformação ecológica”.
Rangel afirmou que Portugal e a China “têm uma longa história de interação” e que as relações entre os dois países “têm vindo a desenvolver-se bem”, lê-se na nota difundida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
A China tornou-se, na última década, o quarto maior investidor direto estrangeiro em Portugal. Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal (BdP).
Os investimentos abrangem as áreas de energia, banca, seguros ou saúde.
Em 2018, os dois países assinaram um memorando de entendimento sobre a iniciativa “Faixa e Rota”, um megaprojeto de infraestruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência global através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas
Rangel sublinhou hoje à agência Lusa, em Pequim, o estado “muito positivo” da relação com a China, desvalorizando a ausência de visitas nos últimos cinco anos.
“Existe um estado muito positivo nas relações. O facto de ter havido esse hiato não desacelerou o interesse que ambos os países têm na sua relação bilateral”, disse, após reunir-se com o homólogo chinês, Wang Yi.
A visita de quatro dias de Rangel ao país asiático põe termo a mais de cinco anos sem visitas de alto nível de Portugal a Pequim, numa altura de reconfiguração da ordem internacional.
As visitas de altos funcionários do Governo português a Pequim realizavam-se com frequência quase mensal, até ao final de 2019, mas foram interrompidas pela pandemia da covid-19, que levou ao encerramento das fronteiras da China.
No entanto, a ausência de deslocações prolongou-se mesmo depois da reabertura das fronteiras da República Popular, em janeiro de 2023, e da visita a Portugal do vice-presidente chinês, Han Zheng, em maio desse ano.
Este ano marca o 20º aniversário da parceria estratégica abrangente China – Portugal.