A China General Nuclear Power Group (CGN) está a avaliar com o governo do Brasil cooperação no desenvolvimento de infraestruturas nucleares e na aquisição de ativos da Eletronuclear, empresa estatal brasileira.
Os possíveis investimentos e a venda de ativos de energia nuclear foram avaliados segunda-feira com diretores executivos da CGN pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, numa visita à sede da empresa chinesa, de acordo com um comunicado do Ministério.
Alexandre Silveira e os executivos da CGN discutiram possíveis acordos de cooperação no “desenvolvimento de infraestruturas nucleares e na aquisição de ativos da Eletronuclear”, empresa brasileira que opera o complexo nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, adiantou a mesma fonte.
A Eletrobrás, que será privatizada em 2022, está a procurar investidores para vender parte da sua participação de 68% na Eletronuclear.
A Eletronuclear é controlada pelo Governo brasileiro com um capital social de 15,522 mil milhões de reais (cerca de EUR 2,322 mil milhões).
A empresa opera as centrais nucleares de Angra 1 e Angra 2, que têm uma capacidade combinada de geração de eletricidade de 1.990 megawatts (MW), e também é responsável pelo projeto de construção de Angra 3, que terá uma capacidade de cerca de 1.400 MW.
As obras de Angra 3 estão paralisadas devido à complicada situação financeira da Eletronuclear, que não tem capacidade de assumir os investimentos necessários para concluir o projeto, avaliados em 30 mil milhões de reais (cerca de EUR 4,49 mil milhões).
Além da central de Angra, a colaboração China-Brasil também pode incluir acordos sobre aplicações nucleares no campo industrial, bem como transferência de tecnologia e cooperação em investigação e desenvolvimento, segundo o comunicado.
O Brasil tem uma reserva de 245.000 toneladas de urânio, a sétima maior do mundo, embora as autoridades do país acreditem que existe a possibilidade de os recursos serem maiores, já que apenas menos de um terço do país foi explorado.
No momento, há apenas uma mina de urânio ativa no país, operada pela estatal INB, no município de Caetité, no estado da Baía, com depósitos estimados em 87.000 toneladas.
Em fevereiro passado, a agência nuclear russa Rosatom ganhou uma licitação para o processamento e enriquecimento do urânio extraído em Caetité, que será usado para abastecer a central nuclear de Angra.
A CGN é a terceira maior empresa nuclear do mundo e também tem investimentos em energia renovável, incluindo oito projetos solares e eólicos no Brasil.
Na China, Silveira visitou a Central Nuclear de Daya Bay, na cidade de Shenzhen, e encontrou-se com Dilma Roussef, atual dirigente do Banco dos BRICS e ex-presidente brasileira.
O ministro brasileiro de Minas e Energia visitou ainda a sede da empresa de tecnologia Huawei e reuniu-se ainda na cidade de Shenzhen com executivos da BYD, empresa de carros elétricos que já atua no Brasil.
No encontro foram discutidos investimentos na expansão do mercado de automóveis elétricos e na produção de baterias para estabilização do sistema elétrico brasileiro.
O ministro disse que o país procura liderar a transição energética global a partir da cooperação com outros países, fortalecendo parcerias e intercâmbio tecnológico, além de atrair investimentos para o país.
A visita de Alexandre Silveira é uma preparação para viagem do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, prevista para o mês de maio.