China Pode Direccionar Exportações de Aço para Brasil Devido a Tarifas nos EUA

A elevação nas taxas sobre importações de aço e alumínio por parte dos Estados Unidos podem levar a China a redirecionar exportações para o Brasil e outros países, afirmou o CEO da ArcelorMittal, a maior produtora de aço no país sul-americano.

“O governo [brasileiro] vai ter que estar atento a isso, porque se houver inundação de produtos industriais e o aço estiver nesse ‘bolo’, com uma importação muito grande ocorrendo tanto no Brasil quanto em outros países, nós vamos receber muitos produtos e isso vai afetar as empresas brasileiras. Nesse cenário, as empresas vão cortar investimentos [no Brasil]”, afirma o CEO da AcelorMitta, lJefferson De Paula, em entrevista ao IstoÉ Dinheiro.

Nesse contexto, De Paula aponta que o tema é uma ‘grande preocupação’ e que a medida deve lesar empresas brasileiras.

De Paula disse que a China já vem encontrando dificuldades para colocar o seu aço no mercado global, uma vez que a Europa impôs 25% de imposto de importação e os EUA já haviam colocado uma taxa de 25% desde a época do primeiro mandato de Trump.

“O aço é vendido para a fabricação de produtos industrializados. Se o governo americano impõe 60% de impostos no aço e em produtos industriais, a China vai ter de exportar para outros lugares, tanto o aço quanto os produtos ‘terminados’. Vai ocorrer um problema seríssimo nos outros países que não os Estados Unidos, por conta dessa sobrecapacidade da China”, adiantou.

O executivo afirma que o Instituto Aço Brasil tem dialogado com o Planalto e colocado a questão como uma das prioridades para a economia doméstica e para as empresas brasileiras produtoras de aço.

Em meados de maio de 2024 o governo firmou uma cota máxima para importação de aço para o Brasil, fazendo com que acima de um determinado volume o imposto suba de 12% para 25%. De Paula disse que essa medida ajudou o setor, mas ‘não resolveu o problema’.

Segundo ele, o volume de importação de aço pelo Brasil cresceu 24% em 2024, após ter saltado 50% em 2023.

“Em 2020 a importação era de cerca de 2 milhões de toneladas de aço. Em 2024 fica próximo de 5 milhões de toneladas. Ou seja, de 2020 a 2024 saltou de 2 milhões para 5 milhões. A situação é muito difícil, o governo sabe e tem conversado com a associação de aço aqui no Brasil. Fizemos um sistema que não está funcionando e estamos conversando para chegar a um novo sistema, que então funcione”, destacou.

 

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