A EDP está a registar uma crescente procura de grandes empresas tecnológicas, segundo Miguel Stilwell d’Andrade, CEO do grupo energético português cujo maior accionista é a China Three Gorges.
Em entrevista à Bloomberg, o CEO da EDP adiantou que as ‘big tech’ têm impulsionado a procura por energia renovável, motivadas por grandes investimentos em inteligência artificial e “data centers”.
“O que aconteceu nos últimos dois meses é que temos recebido muitas chamadas a perguntar ‘Têm capacidade instalada que nos possam vender? Têm projetos que estejam prontos a construir nos próximos anos?'”, relata Stilwell d’Andrade.
“Estamos a falar de preços bastante apetecíveis”, oscilando entre os 60 e os 70 dólares por megawatt-hora, adiantou.
“A procura é tão grande que o que vemos são estas grandes tecnológicas a absorverem toda a oferta que conseguem. Seja eólico ou solar, [os projetos] têm de estar prontos para construção nos próximos dois anos. O gás também é algo que tem sido muito discutido”, disse o CEO da EDP, durante a Climate Week, em Nova Iorque.
Os “data centers” são grandes consumidores de energia e muitas das empresas que os desenvolvem – tecnológicas como a Microsoft – definiram metas ambientais ambiciosas.
Juntos, estes dois fatores têm servido de propulsor ao setor das renováveis – a EDP, por exemplo, assinou um contrato para vender energia à Microsoft.
Sobre o aumento dos preços da eletricidade, Stilwell d’Andrade sublinha que “a procura parece estar realmente a subir, muito motivada pela IA e pelas necessidades dos ‘data centers'”.
“As taxas de juro estão a descer, isso é obviamente muito importante para um negócio de capital intensivo como o nosso. Por isso, em geral, o sentimento no mercado em relação às renováveis certamente melhorou em relação à primeira metade do ano”, afirmou.
Em particular em relação aos Estados Unidos – onde a EDP tem 40% do seu investimento -, Stilwell d’Andrade salientou a importância de o país eleger, em novembro, um Executivo que acelere “tudo o que está relacionado com autorizações e licenças”.
“Um dos maiores fatores de atraso da indústria e da construção das infraestruturas ainda é o fardo administrativo”, lamentou.