Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores brasileira (Anfavea) defendeu o aumento das tarifas alfandegárias sobre automóveis importados da China, que diz estarem a ser “desovados” no país.
No ano passado, as importações de veículos tiveram um aumento de 33% impulsionadas principalmente pelos modelos elétricos chineses. As montadoras asiáticas se anteciparam ao aumento gradual de tributos previsto para este ano e para 2026.
“Pleiteamos o retorno integral imediato [das tarifas]. O mundo mudou e isso fez com que o excesso de produção da China fosse desovado no Brasil”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, em entrevista à Bloomberg Línea.
Leite criticou a redução em vigor das tarifas de importação para veículos elétricos no Brasil, que contrasta com medidas protecionistas adotadas por países como Estados Unidos e membros da União Europeia.
Neste ano, o tributo foi elevado para 18%, aumentará para 25% em julho até chegar ao teto de 35% no mesmo mês de 2026 – o percentual máximo permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Já os híbridos plug-in e híbridos leves também terão aumentos progressivos, atingindo a mesma taxa máxima em 2026.
“Nós, como fabricantes locais, muitas vezes utilizamos esse mecanismo de importação, mas não podemos perder competitividade em razão das alíquotas (tarifas) baixas”, disse.
Leite ainda alerta que os fabricantes chineses anteciparam em dois anos o envio de volumes significativos para o Brasil, aproveitando as tarifas reduzidas. Em dezembro de 2024, os portos brasileiros acumulavam cerca de 70 mil veículos elétricos não vendidos, número que agora está em torno de 50 mil.
A BYD, fabricante chinesa em expansão no país, lidera esse movimento e recentemente adquiriu a antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia.
Além de procurar equilíbrio na importação, a Anfavea defende estratégias para aumentar as exportações. Em 2024, o Brasil exportou 398,5 mil veículos, uma queda de 1,3% em relação a 2023.
“Temos que reequilibrar a balança comercial, retomar as exportações. Estamos perdendo market share no mundo”, completou.
Além da BYD na antiga fábrica da Ford, a GWM anunciou a intenção de investir R$ 10 mil milhões (USD 1,7 mil milhões) até 2032.