O governo brasileiro mobilizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para procurar investidores locais para assumir as operações da fabricante de armamento Avibras, em vez da chinesa Norinco.
Esta semana, o BNDES conduzirá conversas com potenciais interessados e estuda uma forma de financiar a aquisição da Avibras por um grupo ou um consórcio brasileiro, segundo relatos feitos à CNN por auxiliares diretos do presidente.
A Avibras é um dos principais símbolos da indústria de defesa brasileira, produzindo mísseis e lançadores de foguetes. Está em recuperação judicial, com dívidas superiores a 600 milhões de reais (USD 100 milhões).
As forças armadas brasileiras são parceiras da empresa no projeto estratégico Astros, que tem como objetivo dotar a força com um sistema de foguetes de artilharia com longo alcance e elevada precisão.
A maior pendência do projeto é a entrega do míssil tático de cruzeiro AV-MTC, que permitiria à artilharia do Exército atingir um alvo a 300 quilómetros de distância com erro de no máximo nove metros.
Na avaliação reservada de altos oficiais ouvidos pela CNN, trata-se de um equipamento tão importante para o poder dissuasório do Exército quanto os novos caças Gripen para a Força Aérea Brasileira (FAB) ou o futuro submarino nuclear para a Marinha.
Peranteo forte interesse da Norinco, governo e militares brasileiros identificaram como riscos que os Estados Unidos possam vetar a integração de equipamentos e sistemas incorporados pela Avibras, pelo simples fato de que ela teria controle chinês.
O Brasil enfrentaria dificuldades, em um segundo momento, para vender o míssil AV-MTC ou outros produtos da Avibras para países-membros da NATO e parceiros ocidentais em geral.
O BNDES foi assim mobilizado pelo Palácio do Planalto para encontrar potenciais sócios da Avibras no próprio Brasil. Como se trata de um grupo reduzido de candidatos, a tarefa tem sido bastante desafiadora, conforme relatam assessores presidenciais à CNN Brasil.