A ministra das Finanças de Angola afirmou que o seu país pretende “um novo paradigma” nas relações com Pequim, com “base no envolvimento do sector privado e através de parcerias público-privadas”, em vez de empréstimos.
Numa entrevista à Reuters, na véspera do nono Fórum sobre a Cimeira de Cooperação China-África em Pequim, Vera Daves de Sousa disse que Angola está à procura de formas de reforçar as suas finanças e segurança alimentar, fazer crescer o seu setor das pescas e atrair mais investimento gerador de empregos.
A China manifestou vontade de ajudar Angola a modernizar o seu setor agrícola, a fazer crescer as suas indústrias e a diversificar a sua economia em troca de importações de mais produtos chineses, mas enfrenta a concorrência do Ocidente.
“Esta é uma discussão difícil, porque no nosso caso é acompanhada pela solução de financiamento”, disse Vera Daves. “Se as receitas fiscais de Angola fossem suficientemente fortes para nos permitir escolher com base nos critérios de qualidade e preço, teríamos uma discussão totalmente diferente”, adiantou.
Para a ministra das Finanças, a proposta de Pequim não só precisaria de incluir mais financiamento para ajudar Luanda a reduzir a inflação elevada e a aumentar o emprego no curto prazo, mas também garantir que tinha indústrias robustas das quais pudesse depender no futuro.
Caso contrário, a China poderá perder para a concorrência da Europa, que, segundo Daves De Sousa, exige que Angola compre os seus produtos, mas tem canalizado novos financiamentos mais prontamente em troca.
“Vamos comprar mais painéis solares da Europa porque o financiamento vem de lá”, garantiu Daves.
Os EUA e a Europa afirmam que a economia chinesa, de 19 mil milhões de dólares, tem excesso de capacidade nos veículos eléctricos e nos painéis solares.
Ante a iminência de restrições ocidentais às exportações chinesas, encontrar compradores para estes produtos está no topo da agenda do novo Fórum sobre a Cimeira de Cooperação China-África.
A ministra das Finanças, diz que Luanda não procura mais empréstimos e prefere “encontrar um novo paradigma onde façamos mais com base no envolvimento do sector privado e através de parcerias público-privadas”.
“Precisamos de pensar fora da caixa, porque a solução simples de ‘dá-me dinheiro, eu dou-lhe a garantia’ acabou”, concluiu Vera Daves.
Na Cimeira China-África devem participar cerca de 50 chefes de Estado e de Governo, mas o Presidente angolano não estará presente. João Lourenço realizou em março uma visita de Estado à China, na qual conseguiu reduzir os seus pagamentos da dívida à Pequim até USD 200 milhões mensais.
No total, Angola deve à China 17 mil milhões de dólares cerca de 40% da sua dívida externa total e depois de uma moratória ter terminado, os seus pagamentos mensais tinham aumentado grandemente, forçando o governo angolano a ter que pedir uma modificação dos termos da dívida.