O governo federal do Brasil e a iniciativa privada estão a unir esforços para estruturar a defesa do país na investigação que a China abriu no fim do ano passado para apurar a razão do aumento das exportações de carne bovina para o seu mercado.
Segundo a imprensa brasileira, as investigações cobrem as vendas de diferentes países, e não apenas as do Brasil, e incluem embarques no intervalo entre 2019 e 2024.
No limite, a investigação pode afetar as exportações brasileiras, que têm a China como o principal destino.
O Ministério do Comércio da República Popular da China abriu investigações sobre a carne importada, em resposta ao pedido de associações pecuárias que se sentem prejudicadas pelo grande volume de carne comprado pelo país nos últimos anos.
A China é o principal destino das exportações brasileiras do produto. Apenas em 2024, os embarques somaram mais de 1 milhão de toneladas, aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com a imprensa brasileira, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), juntamente com o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), começou a discutir a elaboração de uma manifestação formal, cujo prazo para apresentação é de 20 dias, contados a partir de 30 de dezembro.
Em nota, o Mapa ressaltou que “o governo brasileiro reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro”. Isto, “respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas”.
O objectivo é demonstrar que as exportações brasileiras não causaram nenhum prejuízo à indústria local chinesa entre 2019 e o primeiro semestre de 2024, período alvo de investigação do governo chinês e que abrange todas as nações que lhe fornecem a proteína animal.
A investigação deverá ter a duração de oito meses e pode, na pior das hipóteses, afetar seriamente as vendas brasileiras de carne ao seu principal parceiro comercial.
Contudo, segundo o Mapa, não há, em princípio, a adoção de qualquer medida preliminar, permanecendo vigente a tarifa de 12% “ad valorem” (frete valor) que a China aplica sobre as importações de carne bovina.
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) disse na semana passada acompanhar o tema e colocou-se à disposição das autoridades do Brasil e da China para colaborar.