Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal Aponta à Cooperação Com China na Economia Marítima

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, apontou a economia marítima como uma área de cooperação potencial com a China.

Rangel está a realizar uma visita à China, de 24 a 28 de março, a convite de Wang Yi, membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China e ministro das Relações Exteriores.

Em entrevista ao Diário do Povo, Rangel frisou o potencial de cooperação económica no âmbito da Parceria Azul, estabelecida em 2017, e a importância da economia oceânica para ambos os países.

“Há imensas oportunidades na área dos oceanos. É uma área à qual Portugal se tem dedicado muito”, referiu o ministro português.

O ministro lembrou a realização da próxima Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos 2025 em Nice, na França.

Para o ministro português, a economia azul deve estar intrinsecamente ligada à sustentabilidade: “A economia azul tem de ser uma economia verde também”, frisou, defendendo o uso de tecnologias limpas para reduzir os fatores de carbonização.

Em Pequim, Paulo Rangel encontrou-se com Wang Yi e visitou a Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing onde proferiu uma palestra sobre a língua e a cultura portuguesas, a que cerca de cem professores e alunos dos cursos de português assistiram.

Durante a reunião com as autoridades chinesas, foram abordados temas diversos, incluindo economia, intercâmbio cultural e a presença portuguesa em Macau e na Grande Área da Baía, disse o ministro.

“Falamos muito da presença portuguesa em Macau e em toda a região envolvente de Macau, e agora com o projeto da Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, afirmou Rangel, salientando ainda o papel estratégico de Macau como plataforma para o diálogo entre a China e os países de língua portuguesa.

Rangel mencionou também a necessidade de aprofundar o intercâmbio cultural e interpessoal entre os dois países, especialmente no que concerne ao ensino das línguas.

“É preciso incentivar o ensino do chinês em Portugal… mas precisamos de mais, e também precisamos de mais língua portuguesa na China”, afirmou, aludindo ao crescente número de traduções de autores portugueses na China e de autores chineses em Portugal, destacando que “isto também é muito importante para conhecer a cultura”.

O fortalecimento dos laços culturais tem saído reforçado com iniciativas como a exposição do arquivo do arquiteto português Álvaro Siza Vieira em Shanghai, assinalando os 30 anos de geminação entre a cidade do Porto e Shanghai.

“A Escola do Porto tem dois prémios Pritzker em 10 anos, o que é uma coisa extraordinária como escola de arquitetura, demonstrando as conquistas de Portugal no setor”, observou.

O vinho português, um dos produtos em destaque nas exportações lusas pela sua qualidade e valor cultural, foi também alvo de menção durante a entrevista.

“Está a haver uma mostra aqui, agora, na China, precisamente neste momento em que falamos, também de vinhos portugueses, que, de facto, são vinhos muito bons e são grandes embaixadores da cultura portuguesa, porque eles representam economia, representam cultura, representam tradição e, claro, representam também prazer e uma boa disposição para todos aqueles que o bebem”, referiu.

Rangel destacou o estado das relações bilaterais entre Portugal e a China, depois do encontro com o ministro Wang Yi, sublinhando que são “muito boas”.

“São, por um lado, relações muito antigas, e que nestes últimos 45 anos tiveram um desenvolvimento, um aprofundamento extraordinário”, adiantou.

Rangel enfatizou que esta proximidade foi particularmente visível aquando da transferência da administração de Macau para a China, em 1999, seguida do estabelecimento da Parceria Estratégica Portugal-China.

O ministro dos Negócios Estrangeiros concluiu reforçando a importância do fortalecimento contínuo das relações bilaterais e do aprofundamento da visão multilateral partilhada por Portugal e China.

“Acreditamos no multilateralismo, defendemos o multilateralismo e defendemos, naturalmente, as Nações Unidas”, afirmou.

 

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