Portugal encara como “grande desafio” alargar a presença do investimento direto estrangeiro chinês em Portugal na área industrial, em particular nas torres eólicas “offshore”, afirmou o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo portuguesa (AICEP).
“O grande desafio passa por alargar um pouco a presença do investimento direto estrangeiro [chinês] em Portugal no domínio industrial. É muito importante termos maior tração industrial da China, porque há muitos destes setores onde a inovação faz-se cada vez mais a partir daqui”, frisou Ricardo Arroja à agência Lusa, em Pequim.
Depois de ter visitado, em Pequim, a sede da Goldwind, líder mundial no fabrico de turbinas eólicas, o responsável revelou ainda que Portugal quer atrair investimento chinês para a construção de parques eólicos ‘offshore’ (em alto-mar).
“Obviamente, a China tem importantes empresas que poderão ter interesse em abordar as oportunidades de investimento que se vão formar em Portugal nesta área”, contou.
A CALB (China Aviation Lithium Battery), uma das maiores fabricantes chinesas de baterias, confirmou em fevereiro passado um investimento de EUR 2 mil milhões em Portugal para a construção de uma fábrica de baterias de iões de lítio em Sines, inserindo-se na sua estratégia de expansão europeia.
“É um investimento de grande envergadura, que realmente vai permitir a Portugal ter um eixo fundamental para desenvolver a indústria de veículos elétricos”, afirmou o presidente da AICEP.
O investimento abre também um novo capítulo na participação da China na economia portuguesa, que cresceu a um ritmo de dois dígitos por ano, ao longo da última década, mas que se ficou pela aquisição de ativos, nas áreas da energia, banca, seguros ou saúde.
Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm já uma posição global avaliada em EUR 11,2 mil milhões na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal (BdP).
O país asiático representa três quartos do investimento global na produção de todas as tecnologias limpas (fotovoltaica, eólica, hidrogénio verde ou bombas de calor), segundo dados da Agência Internacional da Energia (AIE).
A energia solar fotovoltaica e o fabrico de baterias elétricas são as tecnologias em que a concentração geográfica da produção é mais pronunciada, com 80% da capacidade global total na China, indicou a mesma fonte.
Para Arroja, a China é um “importante parceiro” na capacitação industrial de Portugal no setor das novas energias.
O líder da AICEP apontou, a “conciliação de interesses” entre os recursos humanos de “grande valia” portugueses, a capacidade de Portugal de servir como plataforma global e as capacidades da China.