O projecto de um corredor logístico desde o estado brasileiro do Rio de Janeiro, no Atlântico, e o Pacífico já tem alguns privados interessados, dos quais depende esta autoestrada entre América do Sul e Ásia.
A ferrovia, que já foi chamada de EF-354, tem mais de 4.400 quilómetros de extensão só no Brasil. Começaria no Porto de Açu, no Rio de Janeiro, e atravessaria o país até chegar à costa peruana, onde se ligaria ao Megaporto de Chancay, em Lima.
O objetivo é criar um corredor logístico entre o Atlântico e o Pacífico, permitindo o transporte mais rápido e eficiente de mercadorias entre o Brasil e os principais mercados asiáticos, principalmente a China.
De acordo com o secretário de Estado do Desenvolvimento do Espírito Santo, Sérgio Vidigal, a construção da Transoceânica pode ser um marco para a economia brasileira.
Citado pelo site Click Petróleo e Gás, salientou que o projeto criará uma ligação direta entre o Brasil e a Ásia, com a facilitação do escoamento de produtos brasileiros, como a soja, cujas exportações para a China ultrapassam USD 30 mil milhões por ano.
“A ferrovia vai reduzir os custos e o tempo de transporte, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado global”, afirmou Vidigal.
Além disso, o projeto depende ainda de investimentos privados. O Ramal Anchieta, que liga o Espírito Santo ao Rio de Janeiro, será da responsabilidade da empresa mineira Vale, que já se mostrou disposta a colaborar na construção de uma das partes essenciais da ferrovia, a EF-118.
Existem já estudos de viabilidade que comprovam a necessidade desta ferrovia para a integração dos mercados da América Latina com a Ásia.
Algumas partes da ferrovia já estão a ser construídas em Goiás, enquanto o governo federal promete apresentar mais detalhes sobre o projeto no aguardado Plano Nacional Ferroviário, que, depois de um atraso no início de 2025, ainda não tem data para ser divulgado.
O governo chinês, por sua vez, também mostrou empenho no projeto desde o início, financiando o troço da ferrovia entre Mara Rosa (GO) e Lima, no Peru.
Em 2015, foi assinado um entendimento entre os governos do Brasil, China e Peru, com a promessa de investimentos por parte da China.
Outro ponto de destaque neste projeto internacional é o Megaporto de Chancay, no Peru, que já se encontra em fase de construção. Com um investimento estimado de USD 3,4 mil milhões, o porto será uma porta de entrada para as exportações brasileiras para a Ásia.
O megaporto está a ser construído pela Cosco Shipping Company, uma empresa estatal chinesa, que detém 60% do projeto, ficando os outros 40% sob a responsabilidade da empresa peruana Volcan.
Este porto será um elo fundamental para o comércio entre o Brasil e a China, criando uma rota direta entre Xangai e Chancay.
A previsão é que, com a conclusão da ferrovia e do porto, o transporte de mercadorias como a soja e o minério de ferro, produtos essenciais nas exportações brasileiras, se torne muito mais rápido e eficiente, impulsionando ainda mais a relação comercial entre os dois países.
O apoio da iniciativa privada, sobretudo das grandes empresas mineiras, será crucial para viabilizar a construção das infraestruturas necessárias, como as estações ferroviárias em locais chave.