A relação entre Brasil e China vive “o melhor momento da história”, afirmou o presidente da China, Xi Jinping, numa visita ao país sul-americano em que os dois países assinaram 37 novos acordos bilaterais.
Em visita de Estado ao Brasil na quarta-feira, o líder chinês afirmou após ser recebido pelo presidente brasileiro, Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, que ambos fizeram uma “retrospectiva do relacionamento da China com o Brasil ao longo dos últimos 50 anos”.
“Coincidimos que este relacionamento está no melhor momento da história. Possui uma projeção global estratégica e de longo prazo cada vez mais destacada. E estabeleceu um exemplo para avançarem juntos com solidariedade e cooperação, entre os grandes países em desenvolvimento”, afirmou Xi Jinping à imprensa.
A China é o país com a segunda maior economia do planeta e principal parceiro do Brasil desde 2009, responsável por mais da metade do excedente comercial anual do país.
Lula da Silva anunciou a elevação de estatuto da relação bilateral, que agora passa a ser classificada como “Parceria Estratégica Global ao patamar de Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável”.
“Estamos determinados a alicerçar a nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial”, afirmou Lula.
“Por essa razão, estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica e a Iniciativa Faixa e Rota. Para dar concretude às sinergias, uma Força Tarefa sobre Cooperação Financeira e outra sobre Desenvolvimento Produtivo e Sustentável serão estabelecidas e deverão apresentar projetos prioritários em até dois meses”, disse.
Xi Jinping também destacou como exemplo o fato de Brasil e China serem os dois maiores países em desenvolvimento de duas regiões e ocuparem um lugar de protagonismo das aspirações dos países do chamado Sul Global — termo geopolítico que designa nações pobres ou em situações socioeconômicas similares, especialmente da América Latina, África e Ásia.
“China e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e de promover uma ordem internacional mais justa e equitativa”, disse o presidente chinês.
Lula e Xi Jinping devem voltar a se encontrar em 2025, quando o Brasil sediará uma nova cúpula dos Brics, em julho, e na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
China e Brasil celebram em 2024 os 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas.
Durante a visita, os dois presidentes formalizaram 37 acordos de cooperação em áreas como agronegócios, tecnologia e investimentos. As parcerias anunciadas também envolvem áreas de infraestruturas, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, desporto, saúde e cultura.
A China atualmente é o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo dados do Governo brasileiro, em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde histórico de USD 157 mil milhões e o excedente comercial com a China foi responsável por mais da metade do saldo comercial global brasileiro.
Entre janeiro e outubro o saldo da balança comercial chegou a 136 mil milhões de dólares (128,3 mil milhões de euros), sendo USD 53 mil milhões de importações feitas pela China do país sul-americano e USD83 mil milhões em exportações brasileiras para o país asiático.